A Gazeta do Povo entrevistou os candidatos à retoria.
Segue a matéria na íntegra:
"Alunos e servidores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) vão às urnas nesta quinta-feira para decidir quem comandará a instituição nos próximos quatro anos. Amanhã, às 16 horas, um debate com os dois candidatos no campus Curitiba será transmitido ao vivo nas outras 12 unidades da UTFPR. Para antecipar o que será discutido, o atual reitor, Carlos Cantarelli, e o diretor do câmpus Curitiba, Marcos Schiefler Filho, falaram com o Vida na Universidade. Confira os principais trechos das entrevistas:
>>>Entrevista com Marcos Flávio de Oliveira Schiefler Filho, diretor do campus Curitiba da UTFPR
Qual o principal desafio da UTFPR hoje?
A universidade teve um grande crescimento quantitativo nos últimos anos. A UTFPR abriu vários cursos de graduação e de pós-graduação, construiu prédios, comprou terrenos. Agora, o principal desafio é crescer em qualidade. Tanto em infraestrutura quanto na geração de conhecimento. A universidade também cresceu nos últimos anos à luz de pressões externas. Hoje, por exemplo, chega um político e diz: “Vou lhe dar um terreno, abra lá quatro cursos”. Não é que nós vamos deixar de ter cursos novos, mas é preciso pensar bem. A UTFPR precisa de uma gestão profissional, que tente equalizar todos os laboratórios e o grau de formação dos professores para que seja possível ter a alta qualidade dos cursos em todos os campi.
O que é preciso para que a UTFPR gere conhecimento?
Apresento um dado preocupante. A UTFPR é uma universidade tecnológica há sete anos e não tem nenhuma patente registrada. Além disso, a atuação da fundação da universidade que apoia as pesquisas se reduz a fazer uma simples contabilidade do que o professor ou o técnico administrativo propõem nos projetos e, muitas vezes, diz “não” por questões burocráticas. Por isso ela tem de ser refundada. Ela precisa de um grupo de pessoas especialistas prospectando oportunidades, o que hoje não é feito. É preciso investir fortemente na pesquisa e na extensão. Entre as nossas propostas está prevista a criação dos núcleos de competências, que seriam grupos formados por especialistas com a ajuda de estudantes.
O que é preciso melhorar na parte de infraestrutura?
Há campus em que os professores não têm mesa, em que falta paisagismo, biblioteca, restaurante universitário, por exemplo.
Como funcionará a Pró-Reitoria de Vida Acadêmica proposta pelo senhor?
Apesar de a UTFPR ser tecnológica, nós trabalhamos com pessoas. Por isso, é preciso intensificar as nossas atividades culturais, artísticas, esportivas em todas as unidades da universidade. Em Curitiba, por exemplo, já conseguimos retomar o teatro, o coral, a dança e o circo. A Pró-Reitoria de Vida Acadêmica seria muito mais ampla do que a de Assistência Estudantil e cuidaria não só dos estudantes, mas também da vida na universidade e dos servidores. A nova Pró-Reitoria cuidará dos restaurantes universitários – nos quais nós queremos um preço reduzido e linear em todos os campi – e também na implantação de um programa de moradia estudantil. Hoje, como a universidade aderiu ao sistema de seleção pela nota do Enem, ela recebe muitos estudantes de fora do Paraná. A moradia estudantil é algo fundamental.
>>> Entrevista com Carlos Eduardo Cantarelli, atual reitor da UTFPR
A universidade teve o seu maior crescimento nos últimos quatro anos. Qual é o próximo passo?
O nosso desafio agora é consolidar esse processo. Todo crescimento gera de forma natural uma série de demandas que o projeto não tem como contemplar. Com o objetivo de tornar a universidade um referencial no Paraná, vamos fazer um novo processo de ajuste dessa expansão e, ao mesmo tempo, incentivar a pesquisa, a pós-graduação e a extensão. Para isso, buscamos recursos do governo federal e também de outras fontes.
Como aumentar a produção científica na UTFPR?
De várias formas e já estamos nesse processo. Queremos garantir recursos financeiros, não só provenientes de órgãos de fomento normais, mas também com recursos diretos de apoio aos programas e aos grupos de pesquisa. A capacitação dos professores também tem sido prioridade. Nos últimos anos fizemos um trabalho enorme para conseguir professores doutores nas últimas levas de contratações que tivemos. A universidade conseguiu atingir pela primeira vez na sua história um número maior de professores doutores em relação ao número de mestres. A expansão da pós-graduação favorece ainda esse processo. Nós saltamos de apenas três cursos de mestrado e um de doutorado, em 2007, para 24 mestrados e cinco doutorados, em 2012. Com todos esses fatores unidos ao equilíbrio da carga horária do professor, com tempo para atividades de ensino, pesquisa e extensão, os projetos surgirão de forma natural. E projetos qualificados geram produtos inovadores, que podem gerar patentes.
O senhor quer criar a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. Qual seria a sua função?
Nos últimos anos, fizemos o maior programa de assistência estudantil que a universidade já teve, com investimentos de mais de R$ 5 milhões em bolsas permanências, que trouxeram o auxílio-alimentação. A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis vai continuar esse programa em várias frentes. Neste ano, além de mais de 2,4 mil bolsas para auxílio-alimentação, prevemos também bolsas-moradia, auxílio-transporte e outros programas que são necessários para que os alunos tenham o aproveitamento acadêmico e o acompanhamento psicopedagógico que necessitam para que não percam a vaga pública por motivos alheios à universidade.
E o que deve mudar em relação à infraestrutura?
Já colocamos wireless em todos os campi e temos projetos de melhorar laboratórios, bibliotecas. Estamos fazendo também uma série de ações para subsidiar as refeições nos restaurantes universitários para que seja possível um preço mínimo com qualidade. Queremos dobrar o espaço físico dos RUs – até o fim do ano todos os câmpus terão o seu RU em funcionamento."
Anderson Spier Gomes
Assessor de Comunicação do Centro Acadêmico de Letras da UTFPR