No dia 15 de agosto de 2012 estivemos presentes em mais uma reunião com o assunto da greve. Desta vez não foi uma assembleia de professores, mas sim a reunião unificada dos comandos locais de greve, que reuniu professores e técnicos administrativos (TA). A realização foi no pátio central da UT, com o intuito de pessoas que estivessem passando pudessem participar e ver a movimentação em si.
A reunião foi conduzida pela professora Silvana H. Rocha, do DAMAT e membro do CLG (Comando Local de Greve), com presença de professores da diretoria do sindicato SINDUTF, Ivo, Edson, Jazomar, e da seção sindical dos TA, Lígia Assis, Vilma, Bernardo, Fabiana, além de associados de ambos os sindicatos. A pauta consistia, basicamente, em informes, atos públicos e análise de propostas.
A parte de informes se iniciou com a Vilma (TA), dizendo estarem presentes representantes de outros câmpus da UT, como Francisco Beltrão, Campo Mourão. A notícia principal foi de que a reunião que estava marcada com a categoria dos técnicos para o dia 14/08 haveria sido remarcada para o dia 15, devido à ocupação do INCRA na entrada do prédio. No âmbito local, os técnicos se dizem desrespeitados pelo reitor que não marca mesa de negociação com a categoria, e será feita monção para relatar a insatisfação.
O professor Ivo, presidente atual do SINDUTF, relatou visita que realizou juntamente ao professor Edson Fagundes ao câmpus Pato Branco. A reunião em questão era de trabalho do CLG e não avisaram com antecedência o comparecimento à reunião. O câmpus de Dois Vizinhos se fez presente também, e durante uma das falas do professor Ivo, que criticou principalmente a relação do governo petista e grevista de nascimento e desrespeitador atual dos movimentos trabalhistas, gerou grande conflito naquela cidade. Parece haver no interior do estado uma grande força de políticos dentro da universidade, além de docentes estreitamente ligados aos partidos, que não conseguem compreender o ponto levantado pelo professor Ivo, que aponta principalmente a sensação de impunidade das ações inconsequentes do governo, vide mensalões que parecem já terem um destino marcado de total inação.
Continuando com a fala, o presidente do sindicato informou que parece ter ocorrido uma reunião entre os diretores de câmpus (exceto diretor do câmpus Curitiba, professor Schiefler) e o reitor da UTFPR, professor Cantarelli, e que em tal reunião foi mostrada uma carta vinda do MEC em que se pedia para os reitores levantarem as listas de grevistas na instituição e cortarem o ponto dos mesmos. O professor Ivo disse ter conversado com a parte jurídica do sindicato, e houve explicação de que há várias versões para o corte de ponto. O corte em si não seria permitido para servidores, tendo em vista ser a única remuneração dos mesmos e meio de se sustentarem, embora alguns juízes vejam de forma diferente a acabem por aceitarem o corte, mas que sempre há encaminhamento de recurso jurídico nesses casos, e reversão praticamente imediata. Caso haja de fato corte do salário dos professores de forma definitiva, não haverá, por exemplo, necessidade de reposição de calendário, uma vez que eles não receberiam por esse trabalho.
Logo após esta fala, o servidor Bernardo interveio para corroborar nas informações anteriormente dadas pela Fabiana, ambos TA, que sintetizamos agora para que não se repitam. Disse da movimentação conjunta planejada pelos servidores de várias categorias em greve, dentre eles INCRA, IBGE, UFPR, Saúde, Defensoria. Haverá, de acordo com ele, no dia 22 de agosto uma panfletagem pela manhã, iniciando-se às 9h. Esse evento coincidirá com o proposto pela UTFPR, que é o próximo ponto da pauta.
No dia 22 de agosto às 9h na UTFPR ocorrerá o "Embrulhamento da UTFPR", com faixas ao redor de toda a universidade. O CLG está à frente do movimento, mas conta com a participação das duas categorias em greve (professores e técnicos administrativos) além do apoio dos alunos. No dia anterior, dia 21, a professora Silvana, do DAMAT, pediu para que todos os interessados fossem à universidade para verem os últimos preparativos para o evento no dia conseguinte. Portanto, é nosso encargo ajudar a divulgar e participar efetivamente do evento.
O último ponto relevante da reunião foi a flexibilização das reivindicações para com o governo. Esse pedido veio do ANDES-SN, para que, em se tratando da próxima reunião com o governo, se soubesse quais pontos poderiam ser flexibilizados ou não. O pedido não agradou muito aos professores presentes (Maurini, DACEX, Arandi, DAELT e Haroldo que se manifestaram em seguida propondo o texto a ser encaminhado para o Comando Nacional de Greve), principalmente por conta de o governo não ter de fato dado uma contra-proposta aos docentes. A proposta feita pelo mesmo infringia as principais reivindicações da categoria, como unificação da carreira e incorporação das gratificações ao salário base. A maior parte das categorias do serviço pública federal em greve pede isso, tendo em vista que na maioria dos casos as gratificações são a maior parte do 'salário' dos servidores, enquanto o salário fixo, assegurado por lei e que conta realmente para aposentaria e demais benefícios como INSS, está estagnado há anos, sequer com a correção inflacionária como ocorre nos demais setores trabalhistas. Por fim, os professores presentes decidiram por encaminhar carta ao CNG dizendo serem contrários à flexibilização antes de uma contra-proposta real do governo, ou ainda, de uma mesa de negociações de verdade com a categoria. Todavia, havendo uma dessas duas ações, o CNG teria total apoio dos docentes da UTFPR para tomarem a decisões de flexibilização de pontos que viessem ao encontro das lutas feitas até agora.
Houve, por fim, a proposta do professor Ivo de um fórum para a discussão da atual conjectura do governo brasileiro, e por que ele hoje está assim. Analisou, rapidamente, o processo histórico nacional, sempre com um poder executivo advindo de poderes absolutos. Essa tendência continua até mesmo com governos populares, como foi historicamente com Getúlio Vargas, e vem se repetindo com Lula e agora Dilma. A data desse fórum, ou mesa redonda, ainda não foi marcada, embora tenha sido planejada para após o evento do dia 22. O objetivo principal é refletir quanto às políticas públicas que vêm sendo tomadas, tentar compreender como o poder executivo vê isso, bem como procurar esclarecer a comunidade a atitudes dos servidores públicos.
Tomemos consciência enquanto acadêmicos do nosso dever político. Estamos todos, querendo ou não, envolvidos em política. O não envolvimento é uma decisão, entretanto a tal resulta em impossibilidade de arrependimentos futuros. Engajemo-nos nas próximas mobilizações para que todos juntos construamos uma educação pública de qualidade.
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Anderson Spier Gomes
Assessor de Comunicação do Centro Acadêmico de Letras da UTFPR
Parabéns pela abordagem, Anderson. Honesta e pontual -precisamos de mais escritos desse nivel.
ResponderExcluirMaurini