sexta-feira, 20 de abril de 2012

Paralisação? Indicativo de Greve? Greve?



     A pergunta geral dos alunos é: afinal, vai ter greve ou não? A resposta no momento é: não. Ou melhor, ainda não. Mas, afinal, qual é o motivo da vontade da greve? E se não é greve, por que quarta-feira, dia 25/04, haverá paralisação? Chega de confusões, esclareça-se!


     Sempre quando se fala em política há muitos interditos e conversas paralelas, sem que haja uma preocupação com que estes os fatos acabem atrapalhando e confundindo ao entendimento de todos. A "Paralisação", que foi anunciada pelos sindicatos, indica que haverá uma mobilização com o intuito de mostrar que toda a categoria está sensibilizada com alguns acontecimentos. Normalmente as paralisações servem para sinalizar a organização sindical para que se tente evitar a greve, ou seja, é a última instância de possibilidade de conversar antes da parada total.

     Na UTFPR nós temos dois sindicatos, um autônomo dos professores (SINDUTF) e outro dos servidores (SINDITEST), sendo este, na verdade, uma seção local de todos os servidores do Paraná. Ontem, os dois sindicatos se reuniram e deliberaram a Paralisação para o dia 25/04/2012. Isso significa, em tese, que não haverá trabalho no local, e todos os envolvidos irão à mobilização que se encontrará em frente ao prédio histórico da UFPR. Essa mobilização, todavia, não para em nível educacional, mas é sabido de outros órgãos federais que estarão envolvidos, como IBGE e Polícia Rodoviária Federal. 

     Estiveram presentes professores dos câmpus de Medianeira e Apucarana, e o Câmpus Ponta Grossa enviou um informe de que, mesmo sem representação na reunião, acatará as decisões do sindicato. Assim, especificamente na assembleia dos docentes (SINDUTF), houve outros assuntos em pauta além da paralisação do dia 25/04, como o Indicativo de Greve e a Redução da Carga Horária para 12h/aula por semana. Após a apresentação da pauta, foi aberto à fala para esclarecimento de alguns pontos. Vários professores falaram, dentre eles Domingos, Ivo (presidente do sindicato), Nanci (parte da diretoria do sindicato), Edson (parte da diretoria do sindicato e também professor de Letras), Sergei, Silvana (do DAMAT). 

     Um dos assuntos debatidos, obviamente, era a greve. Ficou decidido pela maioria dos professores, que nesta assembleia totalizaram 66, que há sim um indicativo de greve. O indicativo de greve significa, normalmente, a definição de uma data para parar totalmente com as atividades, o que pode sensibilizar o governo e assim haver negociações antes que a paralisação definitiva aconteça. A data estabelecida pelo sindicato ficou para o dia 02/05/2012. Haverá, porém, uma reunião dos sindicatos em âmbito nacional, a qual pode mudar a data da greve em si, caso ela de fato ocorra. Ou seja, a data do dia 02 é a data sugerida localmente para a greve, não necessariamente será esta a data.



     Afinal, qual é o motivo para essa mobilização em nível nacional? Ano passado, como muitos devem se lembrar, também houve uma paralisação dos professores, embora não tenha ocorrido uma greve em si. Na verdade, não houve a greve exatamente pelo fato de o governo ter assinado um acordo, dando aumento de 4% aos salários (que por mais que não seja o desejado, já é alguma coisa), e também o acréscimo de certos benefícios aos aposentados, os quais não recebem aumentos salariais ou benefícios há muito tempo. Ou seja, ainda que não fosse o ideal, já iria ser um benefício à categoria. O detalhe é que esse acordo, de ajuste orçamentário, era para ser cumprido até o final do ano passado. Entretanto, o acordo simplesmente foi ignorado e a categoria dos professores colocada de lado. Isso não aconteceu só com os professores, mas também com os técnicos administrativos e outros servidores federais, que reivindicam a forma rígida que o atual governo possui para negociações. 

     Outra questão levantada foi a carga horária exorbitante realizada pelos docentes. Após o acordo do REUNI que nos transformou em universidade, passamos a ser avaliados em níveis de universidade, entretanto ainda com um perfil de escola técnica. Isto ficou explícito por não termos conseguido, por exemplo, nota máxima na avaliação do MEC. A realidade é, como todos nós sabemos, que nossos professores estão altamente sobrecarregados de disciplinas, cuidado de várias ementas, ou seja, ficam tempo demais no ensino, não tendo possibilidade de trabalhar com pesquisa e extensão. Motivo pelo qual, não conseguimos cumprir os moldes de uma universidade brasileira. 

     Nós, alunos podemos ter vários posicionamentos quanto a essa situação toda. Embora não tenha percebido a presença do DCE na assembleia, seria interessante que todos os alunos se mobilizassem nesta causa. É lógico que os alunos não devem apoiar a greve, apesar destes terem o direito de ser sensíveis aos motivos, mas, a partir do momento em que os alunos são contra e exigem aulas, o governo é pressionado a agilizar as negociações com a categoria, pois mostra que há mais gente não contente com toda a situação. Caso apoiemos a greve, mostrar-se-á uma acomodação, o que pode protelar ainda mais as negociações. E querendo ou não, é o nosso futuro como professores que está em jogo.


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Anderson Spier Gomes
Assessor de Comunicação do Centro Acadêmico de Letras da UTFPR

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