Contra fatos não há argumentos: cada vez mais as produções
curtas e sintéticas ganham lugar e repercussão principalmente nas mídias eletrônicas.
Romances, novelas e contos longos dão lugar a crônicas curtas, haicais,
microcontos e tweets.
Como estudiosos de literatura, sabemos que há divergência
quanto às nomenclaturas classificatórias atribuídas às obras literárias, mas de
fato, pouco devemos nos importar de enquadrá-las enquanto um tipo ou outro, e
sim saber fazer uso de todas para entretenimento ou docência. As ferramentas
tecnológicas, e em especial a internet, possibilitam a introdução do
coloquialismo na escrita, com grafias de abreviaturas, por exemplo, que
transformam a escrita em algo mais próximo à fala.
A modernidade acentuada em nossos dias traz em todos os
âmbitos da superestrutura, inclusive na produção artística e em específico na
literária, os traços da infraestrutura. A linguagem, enquanto pertencente às
regiões ideológicas, contém em si traços que, quando inserida na literatura,
transforma-se para dar mais agilidade à leitura, ou seja, não se pode mais
perder tempo em o sujeito depreender tempo em leitura, mas sim na venda de sua
força de trabalho, exigência da infra.
A literatura tradicional continua com seu lugar e obviamente
precisa continuar a ser estudada. As novas manifestações literárias,
entretanto, não devem ser desprezadas ou ignoradas por nós. Quem é completamente
contrário a essas novas formas de se produzir literatura mostra que é no mínimo
ingênuo em não perceber as constantes alterações sofridas em todos os âmbitos
artísticos durante a cultura ocidental, mais especificamente, e se mostra um
indivíduo não sensível às relações entre sujeito e sociedade.
Para encerrar, transpomos uma “História” feita por Rita Lee,
em seu Twitter. Ela sempre compõe essas histórias curtinhas, que variam de 4 a
5 tweets, tendo em vista cada tweet poder contar até 140 caracteres incluindo os espaços. O que segue foi postado pela cantora em 14 de setembro de 2011,
dividido em quatro partes, que foram colocadas aqui.
1-Life story. "Vou perseguir a Vida e matá-la, ou nāo
sairei viva dessa história". A Morte tem seus medos. Inimiga ganha
terreno, nunca
2-foi tāo prolongada. Novos remédios, boa alimentaçāo,
atividades físicas e cabeça feita. Vida cheia d vida. Do outro lado Morte
inventa
3-epidemias, cânceres, pestes, doenças + doenças. Morte
cheia d morte. Hoje se cruzaram num acidente. Dona Severina tava vai ñ vai, lá
e cá
4-Vida e Morte Severina. Vida leva a melhor. Na despedida
Morte sorri "eu sou imortal, vc ñ é". Vida responde "eu sou
amada, vc ñ é" The End
Segue o link de uma matéria da Carta Capital que serviu de
inspiração para o texto do blog, com uma maior discussão feita por Samir Mesquita.
Anderson Spier Gomes
Assessor de Comunicação do Centro Acadêmico de Letras da UTFPR
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