sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vivemos a “Era Twitter” também em produção literária


Contra fatos não há argumentos: cada vez mais as produções curtas e sintéticas ganham lugar e repercussão principalmente nas mídias eletrônicas. Romances, novelas e contos longos dão lugar a crônicas curtas, haicais, microcontos e tweets.

Como estudiosos de literatura, sabemos que há divergência quanto às nomenclaturas classificatórias atribuídas às obras literárias, mas de fato, pouco devemos nos importar de enquadrá-las enquanto um tipo ou outro, e sim saber fazer uso de todas para entretenimento ou docência. As ferramentas tecnológicas, e em especial a internet, possibilitam a introdução do coloquialismo na escrita, com grafias de abreviaturas, por exemplo, que transformam a escrita em algo mais próximo à fala.

A modernidade acentuada em nossos dias traz em todos os âmbitos da superestrutura, inclusive na produção artística e em específico na literária, os traços da infraestrutura. A linguagem, enquanto pertencente às regiões ideológicas, contém em si traços que, quando inserida na literatura, transforma-se para dar mais agilidade à leitura, ou seja, não se pode mais perder tempo em o sujeito depreender tempo em leitura, mas sim na venda de sua força de trabalho, exigência da infra.

A literatura tradicional continua com seu lugar e obviamente precisa continuar a ser estudada. As novas manifestações literárias, entretanto, não devem ser desprezadas ou ignoradas por nós. Quem é completamente contrário a essas novas formas de se produzir literatura mostra que é no mínimo ingênuo em não perceber as constantes alterações sofridas em todos os âmbitos artísticos durante a cultura ocidental, mais especificamente, e se mostra um indivíduo não sensível às relações entre sujeito e sociedade.

Para encerrar, transpomos uma “História” feita por Rita Lee, em seu Twitter. Ela sempre compõe essas histórias curtinhas, que variam de 4 a 5 tweets, tendo em vista cada tweet poder contar até 140 caracteres incluindo os espaços. O que segue foi postado pela cantora em 14 de setembro de 2011, dividido em quatro partes, que foram colocadas aqui.

1-Life story. "Vou perseguir a Vida e matá-la, ou nāo sairei viva dessa história". A Morte tem seus medos. Inimiga ganha terreno, nunca
2-foi tāo prolongada. Novos remédios, boa alimentaçāo, atividades físicas e cabeça feita. Vida cheia d vida. Do outro lado Morte inventa
3-epidemias, cânceres, pestes, doenças + doenças. Morte cheia d morte. Hoje se cruzaram num acidente. Dona Severina tava vai ñ vai, lá e cá
4-Vida e Morte Severina. Vida leva a melhor. Na despedida Morte sorri "eu sou imortal, vc ñ é". Vida responde "eu sou amada, vc ñ é" The End


Segue o link de uma matéria da Carta Capital que serviu de inspiração para o texto do blog, com uma maior discussão feita por Samir Mesquita.


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Anderson Spier Gomes
Assessor de Comunicação do Centro Acadêmico de Letras da UTFPR


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